terça-feira, 15 de novembro de 2011

ESCORPIÃO

''ESCORPIÃO"


          - Aos curiosos:


Do último cigarro que fumei,
Até este que tenha na mão,
Passou-me pela cabaça,
Um pensamento...
Um pensamento vão,
Que acaso,
Ma atrevesse a escrever,
Talvez cuspisses no papel. 

QUARTO INÓSPITO

"QUARTO INÓSPITO"




Encerrado em meu aposento,
Miro bela coruja,
"Num ombro de Pala".

E as Moiras e as Fúrias,
Contemplam meu destino.

Céu negro e denso oculta a memória,
Do querido amigo.

Tempestade e relâmpagos,
Reduzem o terror da noite,
Ao mais amargo cálice a ser vertido.

Fecho a janela,
Do quarto inóspito,
E meu peito verte prantos de saudade.
Já nem mesmo a bela virgem,
Faz exultar o corpo exausto.

E a alma dolorida,
Transpassada pelas setas do Maligno,
Emborca a taça assim servida.

Já a idade em anos avança,
E cólera que alma abriga,
Condiz com minha perdição.






segunda-feira, 14 de novembro de 2011

DEDICO ESTE POEMA A MEU AVÔ MATERNO

''MEU AVÔ


Quando  pequeno,
Sentava ao lado de meu avô.

Meu avô,
Apontava as estrelas,
E dava nome a elas.

Quando pequeno,
Olhava o céu,
E via nele um jardim negro,
Repleto de flores azuis.


Hoje que sou grande,
E meu avô já não mais,
Aponta as estrelas,
Continuo a olhar o céu
E ver...
Joiazinhas azuis,
Destacando-se num veludo fosco.

Meu avô,
Meu avô querido,
Como se chamava aquela estrela,
Que acabou sumir?


NÉBRO

NÉBRO


TERCEIRO CANTO


AO  QUE JÁ SE FOI


           - "Em memória à Raquel"



Fica assim como estas,
Não há tempo, não há tempo...
Dá-me a mão e vamos sonhar,
Eu nos teus sonhos,
E tu nos meus.
Sararei tuas feridas,
E tu as minhas.
Beberás da minha fonte,
E eu da tua.
Nos espinhos que pisares,
Também eu pisarei,
E a as flores que colher,
Todas elas te darei.
Serei a tua liberdade...
Cantaremos um mesmo canto,
Choraremos as mesmas lágrimas,
Comeremos o mesmo pão,
Vestiremos as mesmas vestes.
Meu trabalho será teu descanso,.

E teu descanso será meu trabalho.
O abrigo será único,
Também única será a dor.
Uma será a promessa,
E comum a esperança.
Não haverá perdão,
Porque também não haverá transgressão.
Não haverá o supérfluo,
Porque seremos a própria essência,
Não haverá travas,
Porque seremos a própria luz.
Não haverá erro,
Porque estaremos certos.
Traçaremos os ideais,
E os atingiremos,
Eu a defender os teus,
Tu a defender os meus.
Não haverá saudade,
Pois jamais haverá separação.
Não haverá frutos,
Porém as flores,
Estas nunca murcharão.
Haverá sempre brilho no olhar,
E sorriso nos lábios.
Caso haja quedas,
Cairemos juntos,
E juntos também nos ergueremos.
Na fome...
Eu te devorarei a ti,
E tu me devorarás a mim.
E na sede,
Beberei do teu suor e tu do meu.
O mesmo sono dormiremos,
Onde pousares tua cabeça,
Aí pousarei eu a minha.
As flechas que te ferirem,
Ferirão também a mim.
Sangraremos o mesmo sangue,
Agonizaremos a mesma dor.
Tua angústia,
Será minha angústia.
Afogar-me-ei nas tuas lágrimas,
E tu nas minhas,
E assim juntos venceremos.
Exploraremos as mesmas ciências,
Gozaremos da mesma sabedoria.
Um será o raciocínio,
E comum as conclusões.
Estudando te conhecerei,
E te conhecendo,
Mais ainda te adorarei,
Tu assim também farás.
Serei teu manancial divino,
E tu serás o meu.
E ambos nunca nos saciaremos:
Eu a te querer ati,
Tu a me querer a mim.
E aluz que brotou do nosso encontro,
Essa sempre brilhará,
Iluminando o caminho.
E assim...
Tudo será bom,
Tudo será puro,
Tudo será eterno.


             IVAN DE ALENCAR

domingo, 13 de novembro de 2011

NÉBRO

NÉBRO


PRIMEIRO CANTO


VICTOR EM SEU APOSENTO



Noite ou dia não o sei,
Mas a chama a luz se faz.
Eis-me em êxtase,
Em audácia...
Em audácia...meu espírito se apraz.
Crio e recrio,
E observo a meu redor,
Que nada de novo se perfaz.


Isto  torna insubstancial,
O meu querer,
E se a alma ainda me é
Por insondável,
O espírito a enigmas me conduz.


Os quatro cantos percorro,
E novidade alguma o olho vê.


O cru e absorto silêncio,
Resolve-se em simulacros de sombras.
Nenhum relampejo renovado,
Em verdade cruzou o meu olhar.
Infecundidade é,
O que me parece haver,
Em tudo isso.





NÉBRO


SEGUNDO CANTO


No esquecimento inviolável de um túmulo,
Onde só o vento sibila,
Em um manso sussurro,
Há de consumir-se o corpo, a matéria,
E libertada assim estará alma etérea.


E meu espírito indagador e rebelde,
Aos pés do Olimpo há de encontrar descanso.


Junto aos deuses soberanos,
Sob as asas de algum Arcanjo.


Seguirei então minha jornada,
Invadindo as eras,
Sem orbitar em nenhuma esfera.


Saltando de astro em astro,
Resguardado de qualquer espera,
Na fúria dos elementos abrigado,
No êxtase de um exselso orgasmo saciado.

HELENA

HELENA


Eis que invoco a ti minha adorada Musa,
Na busca de erguer um canto,
Àquela que para longe de mim se foi.

Ela que fez parir em mim novas idéias,
Ela que me fez novas as manhãs,
E lançou luz em meu caminho em trevas...

Sobe canto meu lá às Alturas,
Entrelaçado na teia,
Que tecem os astros,
Na designação do destino
De todos os homens,
E de cada um deles.

E sejas rumo à dor dessa saudade,
Que em mim transborda.

E que te acompanhe,
Não a dor nefasta dessa saudade que ora sinto, 
Mas antes o desejo meu de alegrias para ti.

Não sucumbirei por tua ausência,
Antes hei de ressuscitar-te,
No brilho do olhar de uma criança,
Ou num raio de sol,
Que invada um aposento meu..
E acima de tudo no sossego infalível de um Leão,
A repousar sobre a relva,
De infinitos prados.

sábado, 12 de novembro de 2011

"ODE AO SUPREMO"

Oh! Todo Poderoso,
Ouve-me que é a ti que me dirijo eu,
Eis que meu espírito atribulado,
Me é por  escudo entre mim e ti,
É um vil celerado.
Que ora clama por tua misericórdia.
Um, que dentre os ímpios todos,
Te provoca a maior ira.
E te busco e não te encontro,
E indago de ti,
Naquilo que intuo que tu és,
E não me vem resposta.
Atenta pois agora à minhas súplicas,
É minha razão que cede lugar a fé.
E te digo eu:
- Inclina já os teus ouvidos a este lamento,
   Antes que constrangido em meu intento,
   Volte-me para a ignorância proposital,
   De tua existência.
   E arrependa-me em invocar,
   O que sem fundamento para mim é...
E contemplo os céus e a natureza,
E me pergunto,
Se és Terra, fogo, água ou sal. 
Imploro a ti Todo Poderoso,
Que não te passe despercebida,
Essa investida de minha alma,
Em alcançar-te em teu Soberano Posto,
O mundo Celestial em que Habitas.
Sou o último dos mortais,
Das criaturas que criastes,
A mais vil.
Sou aquele que argui com seu Criador.
E não há arreio que me contenha,
Minha dor e meu sofrimento,
Me é por espora e rebém,
Suplico-te,
Fende meu crânio com um raio certeiro.
Dá luz a um cego que não te vê.
Faz-me cinza e pó,
E conce-de-me do esquecimento de mim.
Ou mata-me então a sede,
De perceber o teu poder.
Pois como Vês ,
Não exito em afrontar-te,
E isto me tem sido,
Por anátema e maldição.
Detêm-me agora...
E destrói-me..,
Seja em fogo abrasador,
Ou lançando-me em trevas de esquecimento.
Para que me tornes eu o primeiro,
E talvez único teocida,
Sobre a face desta Terra pequenina,
Obra de tuas divas mãos.


             IVAN DE ALENCAR

Inspirado em DOSTOIÉVSKI:

"Querer fazer o bem e sentir no íntimo 
o latejar do mal, é dilema de toda alma humana.
Querer a paz...  e saber-se predisposto à guerra,
é atributo de alguns.
Saber-se sondado no íntimo por um Poder Supremo,
é legado de todos.
Trazer consigo o ideal sodoma e arder pelo ideal da madona,
é algo terrível, só quem o vive o sabe.... é o duelo
de Deus e do diabo,
tendo o coração humano como campo de batalha... e o coração?!
O coração só quer falar daquilo que o faz sofrer".

UM NOVO POEMA

O DECLINAR DE UMA AURORA


Por que há anacronismo em mim,
Se a sintonia de todos está na felicidade?
Por que minha alma clama por glória,
Se meu corpo exala derrota?

Talvez jamis saiba,
Talvez não devesse ousar indagar.
Se amei e amei a ti somente,
Porque então questionar.

Olho a ave que altaneira,
Se eleva,
E que consigo minha alegria leva,
E respondo comigo,
E tão somente à um possível amigo:
Deixe-a ir,
Deixe-a partir,
Minha dor ela ignora.

Vi recostado ao umbral de minha porta então,
O mais nobre fiel amigo,
Era meu cão valente,
A suportar o meu castigo.

Ornei Orfeu em desafio,
Vi naufragar o meu navio.

Meu reinado por mim espera,
Porque lá distante no horizonte,
Onde sei trona Hera
Ardente fogo de mim se esconde.