segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

NÉBRO ... A OBRA....

''Por mim se vai das dores à morada,
  por mim se vai ao padecer eterno,
  por mim se vai a gente condenada,
  moveu justiça o autor meu sempiterno,
  formado fui por divinal possança,
  Sabedoria suma e amor supermo.
  No existir ser nenhum a mim avança,
  Não sendo eterno, e eu eternal perduro,
  Deixai, ó vos que entrais, toda a esperança."




                De: A DIVINA COMÉDIA


                      Dante Aleghieri




                                NÉBRO




                PRIMEIRA   PARTE




''O ALTÍSSIMO PERMITE QUE NÉBRO COMPACTUE COM VICTOR''




NÉBRO


Ò, Altíssimo permite que eu sacie este mortal em suas súplicas.


ALTÍSSIMO


Desde que não o conduzas à profundezas das quais ele não possa por si próprio resgatar-se, pois
sabes perfeitamente bem, que o homem assim como nós é comprometido com a eternidade. 
Concedo-te que te apresentes a ele e lhe proponhas um preço à sua alma, para que lhe sejam
saciados todos os seus desejos e anseios.


NÉBRO


Assim procederei Altíssimo. Há tempos não delicio-me em ter um mortal como servo meu.
Prometas tu que não interferirás no resgate de sua alma pela hora de sua morte.


ALTÍSSIMO


Nunca interfiro em teus negócios, a menos que te ponhas a ultrapassar os limites de tua condição demoniáca, Afinal o ser humano é preciosidade a meus olhos e não permitirei que o corrompas
naquilo a que o predestinei: a realização do paraíso.


NÉBRO


Talvez essa seja uma oportunidade de desafiarmos o espírito humano a dar provas de sua magnificência.
E, sem tanta beatitude como alguns santos do passado, provar a nós poder equiparar-se. E quando a
obra dos mundos estiver concluida, que brilhe ele em imponência como Sol dentre sois.
Penso que um mortal é capaz de suprir a lacuna retardatária de nossa consumação de todas as coisas.
Abandonada por muitos seres humanos que se perderam na mediocridade de seu sentimentalismo
exarcebado e pela falta de ardor pelo perigo.


ALTÍSSIMO


Da consumação de tudo que há e do cumprimento de todos os tempos sei eu. Sei também o quanto te apraz ter um mortal sob teu domínio, e porisso não barrarei o teu caminho quanto a saciar a sede deste
que ora me suplica. Afinal, não é o ser humano responsável por todos os frutos de seu proceder?
De sua humildade em reconhecer-se elo na realização de uma vontade suprema?
Mas tu que ora arguis sobre a consumação do fundamento dos mortais, arrogas-te a ti próprio um mérito do qual ainda não és real senhor.
Bem, apressa-te em visitar o suplicante. Não te proibo nada a não ser por em risco sua essência destinada a eternidade.


SOAM OS CLARINS E FAZ-SE OUVIR AS TROMBETAS. OS CÉUS SE FECHAM E NÉBRO
PÕE-SE RUMO Á MORADA DE VICTOR,




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2 comentários:

  1. Na verdade não tenho comigo mesmo séria convicção que se dê alguma atenção especial a essa obra. Para mim no entanto é suficente e basta, saber-me capaz tê-la compilado.

    Ivan Alecnar

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