ALEX
E O MISTÉRIO DA VIDA
Meu nome? Meu nome é Alex. E vivo hoje só. Só e isolado do mundo. Na
verdade me pergunto se toda a abrangência de meu ser é capaz de ocupar o espaço
ilimitado de que disponho. Na verdade vivo uma questão profunda. Ou melhor
sobrevivo à uma indagação profunda. Homem maduro que sou, espanta-me ir de
encontro a mim e descobrir-me tão negligente com a criteriosidade de uma vida
decentemente burguesa.
Se somos o resultado de nossas escolhas do passado. Se o que se vive no
hoje e se projeta para o amanhã nada mais é que a somatória de nossas decisões
vida a fora. Dou-me conta de que acertadamente errei muito então, ou colocando
de outra forma: fiz as escolhas erradas, tomei decisões incertas, e o que
chamei de liberdade para castigo meu não passou de um devaneio. Minha própria
ausência de critérios, ou minha indiferença aos critérios que delineiam o
indivíduo de caráter e valor, conduziu-me ao então homem, tão despido de
qualidades e autênticos valores que hoje sou. Ao menos os valores que diz o
mundo, a sociedade em que me insiro, prezar.
Destemido por natureza, e convicto de que, na vida o que vale mesmo é o
prazer que se extrai de cada instante vivido, conduzido fui até hoje pelo
ímpeto de meus desejos.
E jamais pensei fosse de mim desconhecida qualquer característica comportamento
sólida. Sempre fui previsível perante mim, aos meus olhos, a meu foro íntimo.
E talvez por isso mesmo fui homem de poucos sonhos, de ganância
amena, relapso para com as virtudes, ou
impróprio para a prática de alguma sã virtude. Talvez tenha sido virtuoso, e
nisso sei que não peco em afirmar, na prática da caridade de acudir o próximo.
Isso óbvio, desde que não implicasse em ter que sacrificar o que era por
sedimento a minha própria satisfação. Jamais daria na fome meu pão inteiro a um
faminto. Um pedaço na certa, inteiro não.
E como dizia no início, relegado à solidão, a um isolamento descomunal, tenho deparado-me com o inevitável, sou
obrigado a minha. Inclinado ao orgulho e à indiferença de qualquer crítica
voltada à minha pessoa, sempre fui de uma concreticidade de ocupar-me de mim e
somente de mim. E é com estranheza entre
eu e eu mesmo que, a cada dia, a cada momento vivido, me desdobro como um
lençol guardado numa gaveta. Ou pego-me
a desnovelar um novelo que sempre esteve sossegado em seu canto aguardando o
momento para ser desfiado e ceder seu fio a uma possível trama.
E logo eu que sempre me considerei por natureza drástico sim, dramático
não, dou-me conta de que principio numa encenação trágica. Uma encenação de mim
para comigo, no palco restrito deste ambiente vasto, que me serve por leito para o escorrer das
águas do rio de meus dias.
Jamais pude crer desde que fui lançado à arena da vida que seria de
forma tão cruel conduzido a excluir-me do convívio humano. Na verdade amanheço
e percebo-me como o sol a raiar no horizonte, iluminando nada além de uma
extensão de terra tosca, uma paisagem sem encantos. E anoiteço buscando
dissolver o silêncio mudo do dia em possíveis sonhos que fomentam minha alma
sempre ávida de uma previsibilidade do amanhã desconhecido.
E inspiro o ar vicioso da mesmice de meus próprios hábitos. Minha rotina
é como uma rocha que resiste às intempéries. E esgoto-me em querer de mim uma
novidade, quando de mim já o sou por completo mistério revelado.
E o que alcanço a cada dia, no galgar dos degraus do tempo, não passa de
uma previsibilidade de mim. Já sei hoje como serei amanhã. E conduzo então os
fatos de forma simplificada. Minha vida se por quebra-cabeça tomo, encontro-a
fácil, como formas de beiradas geométricas que se unem num critério óbvio demais
para qualquer um que quisesse se ocupar dela.
Mantenho assim os nervos tensos. Ergo e endureço a cerviz diante da vida
e aguardo temeroso o que me restará no ponto final da existência. O espectro de
minha própria morte.
E a alegria, tristeza, tempestuosidade ou bonanza em mim, são como
pontos antagônicos que se rivalizam entre si, nenhuma contrafacutualidade
geram, a não ser um relampejo de mim, naquilo que já sei que sou.
Portanto o avesso de mim é nada mais que a inevitável ânsia daqueles que aguardam a
chegada do trem na estação. Onde então devem recolher sua bagagem e principiar
a marcha rumo ao lar que os aguarda. Lá onde seus compromissos são como tijolos
que erguidos formarão algo de significativo, até mesmo de belo, ao olho de algum
estranho.
Percebo então que dentre muitos, não sou assim tão inevitavelmente
previsível. Sou sim como uma interrogação, no final de uma frase inserida num
diálogo entre Deus e o Diabo.
E a resposta a essa indagação está lá, enterrada em meu íntimo.
Constitui-se na verdade, na coroa de espinhos que orna meus dias e embeleza de
forma sutil e significativa o mistério da vida.
FIM
ALEX
E O MISTÉRIO DA VIDA
Meu nome? Meu nome é Alex. E vivo hoje só. Só e isolado do mundo. Na
verdade me pergunto se toda a abrangência de meu ser é capaz de ocupar o espaço
ilimitado de que disponho. Na verdade vivo uma questão profunda. Ou melhor
sobrevivo à uma indagação profunda. Homem maduro que sou, espanta-me ir de
encontro a mim e descobrir-me tão negligente com a criteriosidade de uma vida
descentemente burguesa.
Se somos o resultado de nossas escolhas do passado. Se o que se vive no
hoje e se projeta para o amanhã nada mais é que a somatória de nossas decisões
vida a fora. Dou-me conta de que acertadamente errei muito então, ou colocando
de outra forma: fiz as escolhas erradas, tomei decisões incertas, e o que
chamei de liberdade para castigo meu não passou de um devaneio. Minha própria
ausência de critérios, ou minha indiferença aos critérios que delineiam o
indivíduo de caráter e valor, conduziu-me ao então homem, tão despido de
qualidades e autênticos valores que hoje sou. Ao menos os valores que diz o
mundo, a sociedade em que me insiro, prezar.
Destemido por natureza, e convicto de que, na vida o que vale mesmo é o
prazer que se extrai de cada instante vivido, conduzido fui até hoje pelo
ímpeto de meus desejos.
E jamais pensei fosse de mim desconhecida qualquer característica comportamento
sólida. Sempre fui previsível perante mim, aos meus olhos, a meu foro íntimo.
E talvez por isso mesmo fui homem de poucos sonhos, de ganância
amena, relapso para com as virtudes, ou
impróprio para a prática de alguma sã virtude. Talvez tenha sido virtuoso, e
nisso sei que não peco em afirmar, na prática da caridade de acudir o próximo.
Isso óbvio, desde que não implicasse em ter que sacrificar o que era por
sedimento a minha própria satisfação. Jamais daria na fome meu pão inteiro a um
faminto. Um pedaço na certa, inteiro não.
E como dizia no início, relegado à solidão, a um isolamento descomunal, tenho deparado-me com o inevitável, sou
obrigado a minha. Inclinado ao orgulho e à indiferença de qualquer crítica
voltada à minha pessoa, sempre fui de uma concreticidade de ocupar-me de mim e
somente de mim. E é com estranheza entre
eu e eu mesmo que, a cada dia, a cada momento vivido, me desdobro como um
lençol guardado numa gaveta. Ou pego-me
a desnovelar um novelo que sempre esteve sossegado em seu canto aguardando o
momento para ser desfiado e ceder seu fio a uma possível trama.
E logo eu que sempre me considerei por natureza drástico sim, dramático
não, dou-me conta de que principio numa encenação trágica. Uma encenação de mim
para comigo, no palco restrito deste ambiente vasto, que me serve por leito para o escorrer das
águas do rio de meus dias.
Jamais pude crer desde que fui lançado à arena da vida que seria de
forma tão cruel conduzido a excluir-me do convívio humano. Na verdade amanheço
e percebo-me como o sol a raiar no horizonte, iluminando nada além de uma
extensão de terra tosca, uma paisagem sem encantos. E anoiteço buscando
dissolver o silêncio mudo do dia em possíveis sonhos que fomentam minha alma
sempre ávida de uma previsibilidade do amanhã desconhecido.
E inspiro o ar vicioso da mesmice de meus próprios hábitos. Minha rotina
é como uma rocha que resiste às intempéries. E esgoto-me em querer de mim uma
novidade, quando de mim já o sou por completo mistério revelado.
E o que alcanço a cada dia, no galgar dos degraus do tempo, não passa de
uma previsibilidade de mim. Já sei hoje como serei amanhã. E conduzo então os
fatos de forma simplificada. Minha vida se por quebra-cabeça tomo, encontro-a
fácil, como formas de beiradas geométricas que se unem num critério óbvio demais
para qualquer um que quisesse se ocupar dela.
Mantenho assim os nervos tensos. Ergo e endureço a cerviz diante da vida
e aguardo temeroso o que me restará no ponto final da existência. O espectro de
minha própria morte.
E a alegria, tristeza, tempestuosidade ou bonanza em mim, são como
pontos antagônicos que se rivalizam entre si, nenhuma contrafacutualidade
geram, a não ser um relampejo de mim, naquilo que já sei que sou.
Portanto o avesso de mim é nada mais que a inevitável ânsia daqueles que aguardam a
chegada do trem na estação. Onde então devem recolher sua bagagem e principiar
a marcha rumo ao lar que os aguarda. Lá onde seus compromissos são como tijolos
que erguidos formarão algo de significativo, até mesmo de belo, ao olho de algum
estranho.
Percebo então que dentre muitos, não sou assim tão inevitavelmente
previsível. Sou sim como uma interrogação, no final de uma frase inserida num
diálogo entre Deus e o Diabo.
E a resposta a essa indagação está lá, enterrada em meu íntimo.
Constitui-se na verdade, na coroa de espinhos que orna meus dias e embeleza de
forma sutil e significativa o mistério da vida.
FIM
ALEX
E O MISTÉRIO DA VIDA
Meu nome? Meu nome é Alex. E vivo hoje só. Só e isolado do mundo. Na
verdade me pergunto se toda a abrangência de meu ser é capaz de ocupar o espaço
ilimitado de que disponho. Na verdade vivo uma questão profunda. Ou melhor
sobrevivo à uma indagação profunda. Homem maduro que sou, espanta-me ir de
encontro a mim e descobrir-me tão negligente com a criteriosidade de uma vida
decentemente burguesa.
Se somos o resultado de nossas escolhas do passado. Se o que se vive no
hoje e se projeta para o amanhã nada mais é que a somatória de nossas decisões
vida a fora. Dou-me conta de que acertadamente errei muito então, ou colocando
de outra forma: fiz as escolhas erradas, tomei decisões incertas, e o que
chamei de liberdade para castigo meu não passou de um devaneio. Minha própria
ausência de critérios, ou minha indiferença aos critérios que delineiam o
indivíduo de caráter e valor, conduziu-me ao então homem, tão despido de
qualidades e autênticos valores que hoje sou. Ao menos os valores que diz o
mundo, a sociedade em que me insiro, prezar.
Destemido por natureza, e convicto de que, na vida o que vale mesmo é o
prazer que se extrai de cada instante vivido, conduzido fui até hoje pelo
ímpeto de meus desejos.
E jamais pensei fosse de mim desconhecida qualquer característica comportamento
sólida. Sempre fui previsível perante mim, aos meus olhos, a meu foro íntimo.
E talvez por isso mesmo fui homem de poucos sonhos, de ganância
amena, relapso para com as virtudes, ou
impróprio para a prática de alguma sã virtude. Talvez tenha sido virtuoso, e
nisso sei que não peco em afirmar, na prática da caridade de acudir o próximo.
Isso óbvio, desde que não implicasse em ter que sacrificar o que era por
sedimento a minha própria satisfação. Jamais daria na fome meu pão inteiro a um
faminto. Um pedaço na certa, inteiro não.
E como dizia no início, relegado à solidão, a um isolamento descomunal, tenho deparado-me com o inevitável, sou
obrigado a minha. Inclinado ao orgulho e à indiferença de qualquer crítica
voltada à minha pessoa, sempre fui de uma concreticidade de ocupar-me de mim e
somente de mim. E é com estranheza entre
eu e eu mesmo que, a cada dia, a cada momento vivido, me desdobro como um
lençol guardado numa gaveta. Ou pego-me
a desnovelar um novelo que sempre esteve sossegado em seu canto aguardando o
momento para ser desfiado e ceder seu fio a uma possível trama.
E logo eu que sempre me considerei por natureza drástico sim, dramático
não, dou-me conta de que principio numa encenação trágica. Uma encenação de mim
para comigo, no palco restrito deste ambiente vasto, que me serve por leito para o escorrer das
águas do rio de meus dias.
Jamais pude crer desde que fui lançado à arena da vida que seria de
forma tão cruel conduzido a excluir-me do convívio humano. Na verdade amanheço
e percebo-me como o sol a raiar no horizonte, iluminando nada além de uma
extensão de terra tosca, uma paisagem sem encantos. E anoiteço buscando
dissolver o silêncio mudo do dia em possíveis sonhos que fomentam minha alma
sempre ávida de uma previsibilidade do amanhã desconhecido.
E inspiro o ar vicioso da mesmice de meus próprios hábitos. Minha rotina
é como uma rocha que resiste às intempéries. E esgoto-me em querer de mim uma
novidade, quando de mim já o sou por completo mistério revelado.
E o que alcanço a cada dia, no galgar dos degraus do tempo, não passa de
uma previsibilidade de mim. Já sei hoje como serei amanhã. E conduzo então os
fatos de forma simplificada. Minha vida se por quebra-cabeça tomo, encontro-a
fácil, como formas de beiradas geométricas que se unem num critério óbvio demais
para qualquer um que quisesse se ocupar dela.
Mantenho assim os nervos tensos. Ergo e endureço a cerviz diante da vida
e aguardo temeroso o que me restará no ponto final da existência. O espectro de
minha própria morte.
E a alegria, tristeza, tempestuosidade ou bonanza em mim, são como
pontos antagônicos que se rivalizam entre si, nenhuma contrafactualidade
geram, a não ser um relampejo de mim, naquilo que já sei que sou.
Portanto o avesso de mim é nada mais que a inevitável ânsia daqueles que aguardam a
chegada do trem na estação. Onde então devem recolher sua bagagem e principiar
a marcha rumo ao lar que os aguarda. Lá onde seus compromissos são como tijolos
que erguidos formarão algo de significativo, até mesmo de belo, ao olho de algum
estranho.
Percebo então que dentre muitos, não sou assim tão inevitavelmente
previsível. Sou sim como uma interrogação, no final de uma frase inserida num
diálogo entre Deus e o Diabo.
E a resposta a essa indagação está lá, enterrada em meu íntimo.
Constitui-se na verdade, na coroa de espinhos que orna meus dias e embeleza de
forma sutil e significativa o mistério da vida.
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