Nébro providenciou já no dia seguinte uma maneira de Victor espreitar os caminhos de Raquel.
Por vários dias manteve-se ele ao longe observando a amada, sem no entanto conseguir
abordá-la.
Invocou então Nébro, pedindo a este que intervisse de modo a alcançar coragem suficiente para
isso.
Nébro então deu a Victor misteriosa poção a beber, dizendo-lhe que fora feita de sementes de
romã e sutís ervas mágicas. Poção tão poderosa quanto a ingerida por Sêmele na concepção de Baco.
O FATRICÍDIO
Victor então encorajado, decide abordar Raquel. Já era noite quando pôs-se a espreita numa esquina próxima à sua morada.
A rua estava deserta. Não demorou muito e avistou ao longe o vulto de duas pessoas. Olhou atentamente e percebeu tratar-se de Raquel e outro homem.
Passado algum tempo, a sombra dos dois cruzou sua própria sombra à luz do lampião de rua.
Victor então aproxima-se decidido a enfrentar o homem que acompanhava Raquel.
VICTOR
Raquel !
RAQUEL
Quem me chama?
VICTOR
Eu, Victor ! Exclama este saido das sombras. - Acaso não te lembras mais daquele que já foi senhor de teus carinhos e afagos?
RAQUEL
Oh! Victor, quase me matas de susto.
VICTOR
Quem é o jovem que te acompanha?
LEONARDO
Sou eu Victor, teu irmão. Há quanto tempo.
VICTOR
És tu Leonardo? Ora vejam, então agora meu próprio irmão é a razão de meu tormento?
Como pôdes trair-me assim dessa maneira? Ou não sabias que meu coração continua a arder
por esta dama?
LEONARDO
Raquel não te quer mais Victor, conforma-te com isso.
VICTOR
Ela ainda não disse isso com seus próprios lábios.
RAQUEL
Pois o digo agora Victor. Deixa-me em paz e segue teu caminho.
VICTOR
Indignado e irado me encontro nesse momento. Meu próprio irmão me arrebata a mulher que amo.
RAQUEL
Eu não o amo mais Victor, e achei melhor ocultar isto de ti justamente por tratar-se de seu irmão aquele que ora é senhor de meu coração.
VICTOR
Antes houvesse já falecido e me fosse o túmulo por refúgio.
LEONARDO
Conforma-te Victor, mulheres outras há. E não estarás sozinho para sempre.
VICTOR
Que belo inimigo me saíste meu irmão. Cala-te porque não preciso de teus consolos.
LEONARDO
Foste tu sempre orgulhoso e imponente. Bem mereces o que está te acontecendo
VICTOR
Colocando a mão na cintura onde trazia um punhal herdado de seu avô, acrescenta:
- Não te darei tempo de repetir estas palavras. Defende-te pois é agora que te mato.
E sem dar oportunidade alguma de que o irmão se defendesse, crava-lhe o punhal no ventre.
Raquel solta um grito de horror. Victor permanece imóvel perante o corpo do irmão que tomba.
Volta-lhe o sangue frio e foge apressado, ocultando-se na escuridão.
Anoitece e penso comigo mesmo, ouvir música, ler ou ir adiante em minhas postagens...Decido-me então prosseguir aqui!!!
ResponderExcluirIvan Alencar