domingo, 30 de dezembro de 2012

NÉBRO EPÍLOGO




         O SOSSEGO DE VICTOR


        NÉBRO


       Ouve-me agora ó Mortal cativo meu, se alguém te disser que és como se pertencesses à outra 
época, aceita isto como supremo elogio, pois estar ausente no tempo é como conceder felicidade.
       ... E a felicidade está no esquecimento de si, talvez aí mais que em qualquer outro ato de que é
capaz o se humano. Por isso é o sono uma fortaleza revigorante, e, mais que o sono, a morte é uma
benção.


     ALTÍSSIMO

     
     Victor eis que me é cara tua alma e o teu espírito audaz e indagador me comoveu à misericórdia por ti, há tempos nenhum mortal invocava-me com tamanha fúria, com tanta enormidade de fé em si próprio despercebida.
     Que sejas tu servo de Nébro, o demônio, numa próxima vida, isto deveras não te arrebata de minhas mãos, nem estarás banido da égide de meu poder.
     Rememora agora o sacrifício pela morte de teu irmão. Bem como tudo que foi permitido viver desde que compactuaste com Nébro, e segue pois teu caminho ainda nesta vida, que numa próxima, embora não haja revogação do pacto feito, meu espírito estará contigo,


     VICTOR


     Oh! Perdoa-me por buscar o elixir,
     Elixir que me fez encantamento,
     para desencanto teu.


     NÈBRO


    Muito bem dito... vejo que não me sairás por caloteiro.


    ALTÍSSIMO


    Cala-te Nébro. Por seus lamentos e pela Ode que a Mim ergueu digo Amém.


    VICTOR AO ALTÍSSIMO


    Ao filho que nunca tive,
    deixo a lembrança de um pranto meu.
    E Tu Altíssimo me és feito a morte que desejo,
    e ora me açoita,
    com Teu olhar de fogo e hálito perfumado.
    Lego a ti as cinzas de minha existência.




                                 "Assim cumpriu Victor seu ciclo de experiência e contato íntimo
                                   com o mal. Que se não acrescentou nada a seu caráter ou sua
                                   alma, também dele nada subtraiu".






                                                             FIM


     

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

NÉBRO PRIMEIRO E ÚLTIMO INQUÉRITO



         E soaram os clarins e fez-se ouvir o som das trombetas.
         E Victor viu-se transportado em corpo ao céu dos céus, para além daquele que os olhos
contemplam no firmamento, nas alturas celestiais.

         ANJO  MINISTRO

         Victor o sangue de teu irmão ainda clama por vingança sobre a face da terra.

         Os sentidos abalados de Victor impediam-no de enxergar com nitidez a figura angelical que perante ele se apresentava. Aos poucos se desnublam seus olhos e pode ele divisar a figura de um anjo, com suas asas brancas e espada flamejante na mão direita. Mais para a esquerda pode ele ver Nébro que com o olhar fixo no infinito parecia não dar-se conta de sua presença.

        ANJO MINISTRO

        Victor declaro-te que se não fizeres por onde te redimir de teu crime serás transportado ao reino das trevas.

        VICTOR

        Todo homem em verdade está fadado à solidão, bem como nos revelado foi que somos assassinos daquele que foi eleito nosso salvador.

        NÉBRO

        O coração humano é insondável ao próprio homem, e os sentimentos tanto velam quanto revelam a divina essência humana.

        VICTOR 

        Eis que percebo irressonantes meus lamentos. Trago meu peito oprimido por uma sabedoria há muito por mim desprezada. Dor lancinante me dilacera o peito e quero lançar gritos ao infinito.
Se fores capaz de conceder-me o esquecimento de mim. Rogo-te por esta graça.

      NÉBRO

      Não temas tanto assim a vigília que te foi imposta, atenta para o mediador que há dentro de ti mesmo e não te precipitas na busca do que pode te conduzir senão a sonhos para os quais não estás preparado, senão para o despertar de uma dor ainda mais terrível. 

sábado, 22 de dezembro de 2012

''UMA POSSÍVEL REVELAÇÃO






          Somos parte de um todo.
          Unidos somos a constituição máxima do que pulsa em cada ser,
          A realização Suprema de um único propósito.
          Aquilo que cada homem sonha em seu íntimo,
          Intui em seu coração,
          Está para além de qualquer conformação da matéria.
          A grandiosidade da mente atinge seu auge atinge seu auge,
          Quando ultrapassamos a barreira dos sentidos.
          Só os sentimentos elevados,
          Que entrelaçam nossas vidas umas com as outras,
          Constitui-se deveras num reflexo do que está para além do mundo material.
          Assim necessitamos de um ser Supremo de faculdades superiores às nossas:
             - Senhor de Todos os Tempos, Conhecedor de Todos os Mistérios,
               Presente em Todos os Espaços.
         Um Ser que não só nos proteja,
         Mas que, por força ilimitada, domine Todo o impossível.
         E esta consciência desconhecedora de início e fim,
         A mente Criadora e Geradora, exige de cada ser humano,
         Não só reverência, mas oportunidade de expandir-se através da própria
         Existência humana;
         Pois existir não é para Deus condição como para o homem -
         ...o homem: Consciência expressa por uma conformação da matéria -,
        É antes expressão máxima da energia que Tudo permeia,
        Percorrendo a vastidão do Universo.
        - "E o Todo Poderoso conheceu a si mesmo dando lugar aos mais terríveis
            e grandiosos paradoxos" -.
       Uma Face de Deus através da expressão excelsa e sublime da vida.
       Deus e o Homem são aspectos distintos de um mesmo Conceito:
       "A mente humana sabe de Deus e Deus conheceu-se a si próprio através
         do milagre da vida humana".