"E VICTOR INVOCA A LEMBRANÇA DE UM AMIGO SEU'
Emerge em mim a lembrança de ti amigo meu,
Ah, como gostaria de rever-te mais uma vez.
Tenho vivido todos esses anos,
Como a acompanhar teu féretro,
Embora descrente de tua morte,
Que dádiva para mim seria,
Saber eu, ainda ocupar,
Algum espaço dentre tuas memórias...
Queria que te recordasses,
Daqueles dias já tão distantes,
Em que nossa comunhão era constante,
E então quem sabe,
Me escrevesses uma carta,
E meu caminho se tornasse menos árido.
Hoje?
Hoje tudo parece,
Perder seus encantos,
E prefiro um funeral a uma festa,
Bem como a noite em trevas,
Proporciona-me maior prazer,
Que a luz do sol.
Tornei-me mórbido,
A alegria migrou para longe de mim...
E talvez até mesmo ore ao teu Deus por mim,
Isto é bem possível.
E eis que tenho vivido:
Do sexo, a luxúria,
Do trabalho, o ócio,
Da caridade, o orgulho,
Do amor ao próximo, a cobiça,
Da complacência, a ira.
E isto por vezes me assusta...
Nada mais.
Sinto falta da inconsequência,
Desproposital da infância,
E a mim parece que teria,
Que conquistar de volta a inocência perdida.
E quero do furor das tempestades,
Do clarão dos relâmpagos....
Minha alma se deleita,
Com o esplendor das intempéries,
E me sinto um proscrito,
Tomado pelo fascínio do mal,
Embora haja ainda algum temor,
De possível condenação.
Somente sei,
Que até hoje:
Das flores só tive os espinhos,
E do amor que tentei elevar ao Deus cristão,
Só me sobreveio a tentação.
E percebo um certo grau de confusão em mim...
Confusão de sentimentos,
Confusão mental.
E te tornas-te com o tempo,
Em um verdadeiro ardil,
E te constituis num fantasma,
A assombrar até hoje meus dias,
És como um estigma que carrego no peito,
E assim sendo arrastarei meus dias,
De forma resignada,
Acalentando sempre a possibilidade,
De evoluir deste sofrimento,
Para outro menor,
E deste para outro menor ainda,
Até quem sabe um dia alcançar,