NA TAVERNA O JOGO DE CARTAS
Tornara-se hábito para Victor frequentar a taverna todas as noites. Jogava cartas, embebedava-se e, sempre que possível, pernoitava ali mesmo na companhia de alguma jovem cortesã.
Nesta noite como de costume Victor interpelou um jovem que lhe vendia ópio e haxixe, além de um pó
afrodisíaco o qual misturava ao vinho; o que tonava mais intensa suas noites de prazer com a prostituta Lídia, a de sua preferência.
Sentara-se Victor numa mesa de jogo, onde ele e mais três jovens costumavam disputar algumas partidas de cartas. Foi então que Victor olhando para a porta para a porta da taverna reconheceu Nébro, que muito bem trajado entregava o sobretudo e o chapéu ao velho porteiro.
Victor imediatamente levantou-se de seu lugar à mesa e dirigindo-se ao visitante inesperado, indagou irritado:
- Que fazes aqui, acaso te invoquei eu? - interpelou este a Nébro, que por sua vez retrucou:
- Que juízo fazes de mim mortal petulante, acaso pensas que não tenho vontade própria? Posso perfeitamente materializar-me onde bem me aprouver. É óbvio que decidi vir aqui esta noite porque sabia que te encontraria neste antro. Por outro lado é meu objetivo divertir-me também, sendo assim volta para tua mesa de jogo e deixa-me em paz. Não te comprometerei em nada, esteja sossegado e se presisares de mim não exites em me chamar.
Não demorou muito para que Nébro com sua elegância e porque não dizer beleza, atraísse a atenção das raparigas da taverna. Mantinha porém, propositalmente, uma atitude de indiferença. Pediu uma bebida forte, mistura de licor de aniz com whisky. Foi então que quatro rapazes sentados à uma mesa próximo ao balcão convidaram-no a tomar assento. Os rapazes tomavam vinho e interpelaram Nébro quanto a seu nome e de onde vinha, pois nunca o aviam visto ali antes.
Nébro disse-lhes que estava de passagem de passagem pela cidade e chama-se Jonatan, sendo natural de Londres.
- Pouco divertimento há por aqui. A música é senão monótona, cansativa aos ouvidos. Bom seria se tivéssemos um ótimo mágico a nos alegar a nos alegrar o ambiente - acrescentou Nébro inesperadamente.
Ao que Hans um dos rapazes disse:
- Concordo plenamente contigo, mas creio que o faturamento da casa não permita tais espetáculos.
Nébro então acrescentou:
- Bem, pelo menos por esta noite podemos nos divertir um pouco além da medida.
Carl então, um outro rapaz indagou:
- O que queres dizer com isso?
- Logo verás - disse Nébro, e dirigindo-se a um velho que servia as mesas solicitou uma taça de vinho. Em seguida disse aos rapazes que esvaziassem suas taças pois queria fazer um teste com eles.
- Eis aqui uma taça de vinho. Proponho que ela seja passada de mão em mão, e cada um tome um gole de seu conteúdo e veremos no que dá! - propôs Nébro.
Um dos rapazes comenta então:
- É muito estranha essa tua proposta, afinal que pode haver de especial em fazer rodar uma taça de vinho entre cinco cavalheiros numa mesa?
Nébro sem importarsse com a observação acrescentou:
- Bem começemos, da direita para a esquerda. Como te chamas? - interrogou o rapaz logo à sua direita.
- Louis.
- Pois bem Louis, diz Nébro, entorna um gole da taça e dize-nos qual o conteúdo dela.
- Com mil diabos, é pura vodka.
- Bem, agora tua vez -disse Nébro dirigindo-se ao próximo rapaz.
Esse exitou, porém entornou um gole, e exclamou:
- Por Deus é cerveja, e das boas!
- Agora tu, o próximo - acrescentou Nébro.
Este levando a taça à boca, prova dela e diz exaltado:
- Isso é impossível, é puro Whisky!
- Agora tu, o último, como te chamas:
- Johann, disse o rapaz, e segurando a taça leva-a a boca, atirando-a longe em seguida e exclamando horrorizado:
- É sangue..., trata-se de sangue!
Nébro dá uma gargalhada e dirigindo-se aos rapazes declara:
- Não se exasperem, isto nada mais é que um truque, um ato de ilusionismo deveras digno de um mago, mas não passa de um passe de mágica. E, levantando-se da mesa, afasta-se deixando os rapazes boquiabertos e perplexos.
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